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segunda-feira, 22 de novembro de 2010

ANÁLISE DO GÊNERO HQS.

UNIVERSIDADE ESTADUAL VALE DO ACARAÚ – UVA

Centro de Letras e Artes – CLA

Curso de Letras

Produção de Texto: Gênero História em Quadrinhos

Professora: Maria Soares


ANÁLISE DO GÊNERO HQS.


Carina Vieira da Silva*

Francisca Magna Batista


RESUMO - Este artigo se propõe a discutir o gênero Histórias em Quadrinhos, observando o conceito, evolução, características e associação em outros gêneros parecidos. A partir do estudo de Bakhtin, Marcuschi, Koch e Rios, o resultado a que se chegou mostra que nem sempre é fácil delimitar, com exatidão, as fronteiras que diferenciam os gêneros, seus conceitos, evolução e características, mas que as histórias em quadrinhos são importantes meios de entretenimento e influência e que é considerada arte.


PALAVRAS-CHAVE: Histórias em Quadrinho, Gênero, Entretenimento, Arte.


INTRODUÇÃO


O presente artigo tem como objetivo analisar e discutir o conceito e a evolução do gênero Histórias em Quadrinho e fazem associações com outros gêneros parecidos.

O gênero HQs é considerado importante pois os artistas aliam qualidades literárias ao desenho e muitas vezes mostram situações cômicas, sendo ele um importante entretenimento e influência.

Marcuschi (2008, p.38) solicita a nossa observação para a maneira como devemos compreender a linguagem numa perspectiva do gênero. Uma linguagem que parte do social e do cultural, numa visão historicizante e ideológica, e não de uma abordagem meramente descaracterizada do social. Bakthin (2001, p.63) aponta a necessidade de se analisar os gêneros como um discurso que faz parte da vida do falante de uma língua. E este só se comunica por meio de gêneros.

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* - Alunas do 4º período do Curso de Letras , da Disciplina Produção de Texto, ministrada pela professora Maria Soares da Universidade Estadual Vale do Acaraú - UVA

Nem sempre é tão fácil definir e classificar os gêneros textuais. Há estudiosos que partem do domínio discursivo, outros que manifestam suas


análises apoiando-se nos segmentos topológicos e, existem ainda alguns que se aproximam do conceito de texto e suas variações. O domínio discursivo diz respeito a natureza da linguagem, a esfera discursiva. As tipologias costumam agrupar os gêneros.

O conceito gênero nãoé uma definição recente, desde os retóricos e os estudiosos da literatura antiga ou clássica já se apresentavam, de forma diversa do que é hoje, as concepções de gêneros.

GÊNERO HISTÓRIA EM QUADRINHOS: CONCEITO, CARACTERIZAÇÃO E EVOLUÇÃO


As histórias em quadrinho são enredos narrados quadro a quadro por meio de desenhos e textos que utilizam o discurso direto, característico da língua falada.

As histórias em quadrinhos são constituem um gênero discursivo secundário que, para Bakhtin (1993) aparecem em circunstâncias de comunicação cultural na forma escrita e que, muitas vezes, em função do enredo desenvolvido, englobam os gêneros discursivos primários correspondentes a circunstância de comunicação verbal espontânea.

Nas primeiras décadas os quadrinhos eram essencialmente humorísticos, e essa e a explicação para o nome que elas carregam ainda hoje em inglês, comics (cômicos), onde elas retratam, muitas vezes, situações engraçadas.

Definir quando as Histórias em Quadrinhos foram inventadas é um desafio, pois desde os homens das cavernas até hoje, a humanidade sempre se comunicou através de desenhos. A origem das histórias em Quadrinhos é muito controversa. Segundo a lenda, os quadrinhos surgiram porque os jornais não estavam vendendo muito e começaram a usar ilustrações para complementar as notícias e chamar a atenção do leitor, com o tempo, as ilustrações começaram a se desvencilhar das notícias e trilharam um caminho próprio, criando um novo gênero narrativo as HQs.

Foi com o personagem Yellow Kid que um dos principais elementos das HQs foram incorporados às histórias: os balões de fala.Antes dos balõezinhos, os textos eram escritos em forma de legendas que acompanhavam as cenas. E com o surgimento dos balões podemos nos aprofundar nos pensamentos e características dos personagens, pois para cada tipo de reação da personagem, há um formato de balão. Pois os quadrinhos também utilizam à linguagem não verbal, que é fundamental na transmissão de sua mensagem, não se pode deixar de citar a importância dos elementos específicos de um quadrinho como requadro, o balão, e as legendas que auxiliam os recursos linguísticos (discurso direto, onomatopéia, expressões populares), não verbais (gestos e expressões faciais) e paralinguísticos (prolongamento e intensificação de sons) na compreensão da narrativa.


A DIFERENÇA ENTRE HISTÓRIA EM QUADRINHO, CHARGE E TIRINHA.


As histórias em quadrinhos, charges e tirinhas são textos multimodais, ou seja, trazem além da imagem alfabética, imagens, disposição, gráfica na página, cores, figuras geométricas e outros elementos que se integram na aprendizagem.

Apesar da semelhança entre eles, todos possuem uma forma própria e única de expressar sua idéia, assunto ou tema que abordam.

O meio a que chamamos de história em quadrinhos se baseia numa idéia simples. A idéia de se posicionar uma imagem após outra para ilustrar a passagem do tempo. O potencial dessa idéia é ilimitado, os quadrinhos são um idioma. Seu vocabulário consiste de toda a gama de símbolos visuais... O coração dos quadrinhos está no espaço entre um e outro... Onde a imaginação do leitor da vida a imagens inertes (McCloud, 2006 p.1).

Podemos perceber por meio desse fragmento, que as Histórias em Quadrinhos são enredos narrados quadro a quadro, por meio de desenhos e textos, utilizam o discurso direto, características da língua falada e em certos casos são imprescindíveis, possuem em seu texto escrito características próximas de uma conversa face-a-face, além de apresentarem elementos visuais complementadores a compreensão, o que torna a leitura de um HQ além de prazerosa, é capaz de causar no leitor um determinado fascínio, devido a combinação de todos esses elementos.

Enquanto a charge é um tipo de ilustração que tem por finalidade satirizar, por meio de uma caricatura, algum acontecimento atual com um ou mais personagens envolvidos. Apesar de ser muito confundida com o Cartoon (Cartum) palavra de origem inglesa, é considerada como algo totalmente diferente, porque ao contrário da Charge que é sempre uma crítica contundente, o Cartoon retrata situações mais corriqueiras do dia-a-dia da sociedade.

A charge é uma crítica político-social onde o artista expressa graficamente sua visão sobre determinadas situações cotidianas através do humor e da sátira. (Bazermam, 2005, p.78).

Notamos nesse trecho que para entender uma charge, não precisa ser necessariamente uma pessoa culta, precisa-se apenas estar por dentro do que ocorre ao seu redor.

A tirinha já se refere a uma apresentação possível, caracterizadas por uma série de vinhetas.

As vinhetas são determinadas externamente por traços que dividem a página e constituídas de forma justapostas. Essa construção é que lhes confere o fator de estruturação textual e delineia o percurso do fluxo narrativo (Michelete, 2005, p. 69).

Através da afirmação do autor notamos que a Tirinha, é bem breve, é uma forma de arte que conjuga e imagens com o objetivo de narrar histórias dos mais variados gêneros e estilos. São em geral publicadas no formato horizontal, da esquerda para a direita, em revistas, livros, jornais e sites. A tirinha também é conhecida como arte seqüencial, segmento da História em Quadrinhos.


TRABALHANDO COM QUADRINHOS EM SALA DE AULA


Entre os motivos para trabalhar quadrinhos na escola, está a atração dos estudantes por esse tipo de leitura, a conjugação de palavras e imagens, que representa uma forma mais eficiente de ensino. O alto nível de informação deles, o enriquecimento da comunicação pelas Histórias em Quadrinhos, o auxílio no desenvolvimento do hábito da leitura e ampliação do vocabulário.

Sendo possível ser trabalhado em todas as disciplinas, como em:

Língua Portuguesa

Interpretação das imagens, podendo ser trabalhados temas como linguagem, compreensão do cenário, coerências das falas com as imagens, convívio entre crianças e adolescentes.

Educação Artística

Os alunos podem analisar a linguagem dos quadrinhos e criar seus próprios personagens, balões, quadros e onomatopéias.

Matemática

Os alunos podem ser elevados a desenhar histórias explicando operações matemáticas, ou que envolvam tramas cuja solução seja desvendada pela solução de um problema matemático.

História e Geografia

Alguns HQs trazem muitas referências históricas, principalmente guerras, algumas histórias da Turma da Mônica fazem referências a fatos históricos.

Ciências

Os gibis do X-men, por exemplo, tornaram popular o conceito de mutação, podendo ser usados para iniciar uma aula sobre Darwin. Muitas Histórias em quadrinhos falam sobre descobertas científicas, tema que se bem interpretado e trabalhado, pode ser bem rico e prazeroso.

Fica claro que a HQ é fechada em si mesma, como acentuam Ferreira e Andrade (2005); ela apresenta uma linguagem que atua harmoniosamente com outras linguagens expressivas, trazendo contribuições fundamentais para o desenvolvimento do sentido do texto.


METODOLOGIA


O método utilizado nesta investigação, foi o estudo bibliográfico, foram selecionados textos de diversos teóricos dominantes do assunto; estudadas e retiradas informações pertinentes para a elaboração do presente trabalho, sendo selecionadas as informações mais claras e objetivas, com o intuito de causar uma melhor compreensão ao leitor. Tentamos desenvolver cada tópico, de maneira sensata e clara depois de bem discutido e estudado o assunto, a fim de identificar e diferenciar de maneira mais fácil e objetiva o gênero HQ (História em quadrinhos).


CONSIDERAÇÕES FINAIS


O estudo mostra o quanto esse gênero narrativo de múltiplas linguagens que é o HQ (História em quadrinhos), é interessante e prazeroso de ser estudado, além de oferecer um amplo campo para exploração, podendo ser utilizado em todas as disciplinas escolares e superiores. As Histórias em quadrinhos é um gênero que não é apenas engraçado, mas que através das cores, balões, lapso de tempo e metáforas visuais que são utilizados pelos autores, são capazes de transmitir ao leitor situações da história, por meio da imagem sem utilização verbal. Por ser um gênero de fácil compreensão, é rapidamente aceito e trabalhado, mesmo que seja de forma indireta, estamos sempre em constante contato com o mesmo.


















REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS


BAKHTIN, Mikhail. Estética da criação verbal. São Paulo: parábola,2001.


BAZERMAN,C. Gêneros Textuais,Tipificação e interação . São Paulo: Cortez,2005.


FERREIRA,C.ANDRADE,C.A.B. O Discurso das Histórias em Quadrinhos, Confluêcias de imagens. In: MICHELETTI, G. E ANDRADE,C.A.(orgs). Discursos : Olhares múltiplos. São Paulo. Andross, 2005


KOCH, Ingedore. Argumentação e Linguagem. São Paulo: Fontes,1996.


MARCURSCHI, Luis Antonio. Produção Textual, Análise do Gênero e compreensão. São Paulo : Parábola, 2008.


McCLOUD,S. Reinventando os Quadrinhos. São Paulo:M.books do Brasil, 2006.


MICHELETTI, G. e ANDRADE,C.A.B. Enunciação e Gêneros Discursivos, 2005.

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