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terça-feira, 23 de novembro de 2010

ANÁLISE DO GÊNERO, CARTA E BILHETE.

UNIVERSIDADE ESTADUAL VALE DO ACARAÚ- UVA

CENTRO DE LETRAS E ARTES

CURSO DE LETRAS

PRODUÇÃO DE TEXTO: GÊNERO CARTA E BILHETE

AP 2: EXPOSIÇÃO DO ARTIGO 20 MIN.

AP 3: ENTREGA DO ARTIGO POR ESCRITO-IMPRESSO





1ANÁLISE DO GÊNERO, CARTA E BILHETE.



2 Francisco José Gomes Alves

Luciana Linhares Dos Santos



RESUMO: Este artigo tem como propósito apresentar uma análise sobre o gênero carta, observando conceito, evolução, características e associando a um gênero semelhante, o bilhete. Bakhtin, Marcuschi, Silva, Bazerman, Travaglia, Higounet são alguns dos estudiosos mencionados este estudo. O resultado que chegamo,s podemos dizer que nem sempre é fácil delimitar, com precisão, as fronteiras que diferenciam os gêneros, seus conceitos evolução e características, mas é possível observar como se estrutura e qual função comunicativa ele exerce.


Palavras-chave: Gênero.Carta. Bilhete e Estrutura.



ORIGEM E EVOLUÇÃO DA CARTA


Uma das necessidades da humanidade sempre foi a de comunicar-se. Cassirer (2001, p. 182-183) nos explica que o homem por sua vez ao manter uma relação intensa com a natureza, sentia a necessidade de expressar-se. A própria natureza não passava de uma grande sociedade, a sociedade da vida. O uso da palavra mágica fazia com o homem tivesse essa afinidade com mundo natural. Para ele, o mundo pode ouvir e entender, logo se os poderes da natureza forem convocados de maneira certa, não poderão negar-se a ajudar. Mas o homem percebe que a natureza não entendia o que ele falava, não porque relutasse em atender as exigências dele, mas porque não entendia a linguagem que ele falava.

Com isso, entende-se que a língua desde o princípio tem sido um continuo processo evolutivo. Ela não é algo imutável, pois está sempre constante movimento, adquirindo novas formas e sentidos. É nesse aspecto de evolução que a linguagem passa através da escrita a sumir, não, mas uma forma abstrata e sim concreta. E em relação à linguagem oral, como os estúdios citam, podemos dizer que a escrita apareceu muito tardiamente, mas, com o seu surgimento, aparecem as variadas formas de comunicação entre os seres humanos. A partir daí, o homem percebe que pode interagir com o outro repassando suas mensagens de modo mais sólido e duradouro. Exercendo grande fascínio sobre o homem, segundo Higounet (2003, p.09):


a linguagem escrita é mais que um instrumento. Mesmo emudecendo a palavra, ela não apenas a guarda, ela realiza o pensamento que até então permanece em estado de possibilidade. Os mais simples traços desenhados pelo homem em pedra ou papel são apenas um meio, eles também encerram e ressuscitam a todo o momento o pensamento humano.


Mas a linguagem escrita, assim como a linguagem oral, para servir como instrumento de comunicação, precisa ser produzido utilizando um código conhecido pelo receptor e realizar-se através de enunciados na interação verbal. Para Bakhtin (1979-2003, p.283) “aprender a falar significa aprender a construir enunciados (porque falamos por enunciados e não por orações isoladas e, evidentemente, não por palavras isoladas)”. Na fala ou na escrita, cada enunciado mantém um elo de ligação com outro enunciado, completando assim, o sentido do que se quis dizer durante o ato de comunicação. Para o autor (idem, p.289) “todo enunciado é um elo na cadeia da comunicação discursiva”, e é através desses enunciados, devidamente elaborados, ligando-se dentro dessa cadeia comunicativa, que se forma o ato da interação verbal.

Nesse aspecto, os gêneros textuais se caracterizam como uma interação verbal. Em que o gênero lida com a língua em seus mais diversos usos autênticos no dia-a-dia. Bakhtin (2001) aponta a necessidade de analisar os gêneros como um discurso que faz parte da vida do falante de uma língua. E este só se comunica por meio de gêneros. Marcuschi (2008) solicita a nossa observação para a maneira como devemos compreender a linguagem numa perspectiva do gênero. Uma linguagem que parte do social e do cultural numa visão historicizante e ideológica, e não de abordagem meramente descaracteriza do social.

O conceito breve histórico sobre o gênero nem sempre foi tão fácil definir e classificar os gêneros textuais. Há estudiosos que partem do domínio discursivo, outros que manifestam suas analises apoiando-se nas segmentações tipológicas e existem ainda algumas que se aproximam do conceito de texto e suas variações. O domínio discursivo diz respeito à natureza da linguagem, esfera discursiva (gênero literário, jornalístico, acadêmico e etc ).

As tipologias costumam agrupar os gêneros, dependendo da abordagem escolhida pelo teórico, à narrativa incluirá os gêneros: conto, poema épico, crônica, romance, história cotidiana, lendas e etc.

Os que entendem os gêneros com um texto base e suas variações avaliam o ensaio, por exemplo, como um gênero e os subgêneros (ensaio acadêmico, ensaio literário, ensaio artístico) como variáveis de uma categoria.

O conceito de gênero não é uma definição recente, desde os retóricos e os estudiosos da literatura antiga ou clássica, já se apresentavam, de forma de diversa do que são hoje, as concepções de gêneros conforme justificam Marcuschi (2009, p.147), o estudo dos gêneros textuais não é novo e, no ocidente, já tem pelo menos vinte e cinco séculos, se consideramos que sua observação sistemática inicia-se em Platão. Durante muito tempo os gêneros foram estudados numa perspectiva dos gêneros literários. No passado o discurso oral ou escrito era estudado também concepção retórica. Nesta percepção consideravam os elementos a comunicação como indispensável para realização do gênero, que eram “ter o que dizer”, “ter alguém interessado na mensagem” e “saber lidar com o modo de dizer”. Não se usava a palavra gênero, na retórica, mas no discurso escrito oral, ou ainda religioso, político e etc.

O discurso “carta” não foge a esta concepção histórica. Era comum, entre os grandes filósofos, acadêmicos e artistas, além de historiadores se relacionarem ou manterem-se informadores por meio de bilhetes e cartas. Existia até escritores que os citavam em seus romances. Assim também livros instrutivos de como se deveriam produzir cartas.

Com o surgimento da escrita, aparecem os meios de sua utilização auxiliando na interação entre os homens. E, para manter a comunicação, mesmo à distância, o meio mais usado é a carta. Aparecem vários tipos de cartas: pessoal, oficial, comercial.

Algumas viram documentos comprobatórios da História como a carta de Pero Vaz de Caminha. A carta meio de comunicação pessoal imprescindível, leva a interação entre duas ou mais pessoas, pois pode ser escrita ou lida colaborativamente, sendo que, no geral, é enviada de um indivíduo a outro. É uma forma de comunicação muito presente nas obras literárias, basta lembrar-se da obra “A Moreninha” que vem à lembrança a doce carta de Augusto a Carolina.

Ao distinguir os gêneros do discurso, Bakhtin (2000, p. 281) inclui a carta entre os gêneros primários, ou seja, entre aqueles que se constituem em circunstâncias de uma comunicação espontânea. Situada em espaço e tempo determinados, ela é empregada em situações comunicativas que se caracterizam pela ausência de contato imediato entre emissor e receptores.

Silva (1997, p. 297-304), ao analisar cartas em geral, reconhece a abrangência desse gênero, que se concretizam em variados tipos de comunicação, notícias familiares ou de amigos distantes, informações, pedido, agradecimento, congratulações, correspondência dirigida a jornais e revistas, reclamação, cobrança, intimação, prestação de contas, entre outros –, apresenta funções diversas e circula em diferentes esferas de atividades (relações pessoais, situações públicas, trabalho, negócios, propaganda, burocracia etc).

Bazerman, (2005, p. 83), segundo esse autor, a origem das cartas remonta aos primeiros registros de comandos orais dos que tinham poder, transformados em gêneros escritos como ordens, leis, códigos, proclamações. Ao serem redigidos em forma de cartas e identificarem o autor e a audiência, tais comandos se fortaleceram pelo poder da escrita. Em período mais antigo, eram entregues por mensageiro pessoal da autoridade o qual, ao recitá-las, passava a representar a própria presença ou projeção do emissor. Às vezes, aquele portava uma segunda mensagem falada, não confiada à escrita. Assim, mesmo quando deixaram de serem recitadas pelo mensageiro, as cartas mantiveram o propósito da projeção (parousia) da presença do autor através da escrita

Para analisar as cartas em sua variedade, Bazerman, (2005, p. 86-87) estrutura e usa, como seguiremos três critérios de natureza diversa: 1) contextual , que correspondem a situação de produção e condição de produção; 2) lingüística, que remete a traços lingüísticos e textuais; e 3) funcional, que considera os objetivos do texto, intenções pretendidas, atos de fala dentre outros. Os primeiros devem levar em considerações as características ou traços distintivos e depois outros aspectos lingüísticos. De acordo com Marcuschi (2000, p.11), o agrupamento dos gêneros textuais ocorre baseado em critérios que os qualificam e os constituem, simultaneamente.




CARACTERÍSTICAS DA CARTA


Para exemplificar, Marcuschi (2000,p.11) utiliza o gênero carta, descrevendo os elementos básicos utilizados para identificar minimamente este gênero: local e data; saudação; texto; e assinatura. Reconhece a existência de vários formatos de carta e afirma que a noção da forma textual deste gênero serve, apenas, como um guia para a realização de um grande numero de outros gênero que se situam em uma conjunto.

A carta se apresenta, empiricamente, de diversas formas (carta resposta, carta programa, carta do editor dentre outras) e, por isso acreditamos que seria uma variedade do todo que classifica está diversidade infindáveis de formas e conteúdos. Por isso, classificamos a carta como um texto que envolve um contexto comunicativo, sendo um fenômeno empírico global e um fato social consolidado nas práticas discursivas diárias. Marcuschi, (2000:64). Para exemplificar, utiliza o gênero carta, descrevendo os elementos básicos, utilizados para identificar minimamente este gênero: local e data; saudação; texto; e assinatura.

Desta forma, há dificuldade para classificarmos os gêneros, pois estes ao serem histórica e socialmente situados mudam as suas formas, surgem outros novos, desaparecem, acompanhando a “complexidade” da sociedade. A carta é um gênero que está situado em contextos comunicativos bem definidos, mas diversificados, o que possibilita uma enorme variedade na sua forma estrutural. No entanto, as formas textuais dos gêneros possuem marcas lingüísticas mais ou menos estereotipadas, Identificáveis desde o início do texto. No caso da carta seria a saudação (Prezado cliente; Querido amigo; Excelentíssimo Sr. Presidente da República, dentre outras), como podemos perceber no exemplo (1) a seguir. Estas marcas lingüísticas, segundo Marcuschi (2000, p.67) são fórmulas históricas que surgiram ao longo do tempo e das práticas sociais e têm suas características específicas, por isso, são modelos comunicativos.


Exemplo 1



CÂMARA DOS DEPUTADOS

ARMANDO ABÍLIO

DEPUTADO FEDERAL


Brasília, junho de 2000

Prezado (a) Senhor (a),

Ao final de cada ano temos a obrigação de fazer uma

prestação de contas dos trabalhos parlamentares que realizamos em defesa

de Campina Grande.


Junto a alguns companheiros, durante o ano, conseguimos

a liberação de recursos para as seguintes ações governamentais:



1- Recuperação de casas populares;

2- Esgotamento Sanitário e Saneamento Básico;

3- Colocar o município de Campina Grande dentro do Programa

Agente Jovem”;

4- Construção do Canal de Bodocongó – esta obra que é

tida como um dos maiores projetos já construído nesta

cidade;

5- Renegociação dos débitos rurais; e a

6- Vinculação dos recursos para a saúde pública;

7- Em favor da permanência do 31° Grupamento de Infantaria;

8- Municipalização da Saúde.

Certo do dever cumprido

ARMANDO ABÍLIO

DEPUTADO FEDERAL



De ante desse exemplo, podemos perceber que a carta não só está ligada ao ato da fala como também, com a interação do meio social e suas práticas, uma perspectiva empírica do uso da mesma. Com isso apresentam estereótipo como formas que já são fixas, prontas e pré-estabelecidas nesse tipo de gênero. E o que acontece com as saudações que dependendo do destinatário vai se apresentar de diversas formas já existentes. Essas formas são definidas de cardo com o meio social que destinatária se encontra.

A carta, mesmo sendo flexível e apresentando variação na forma e nos meios de divulgação (carta do leitor – revista; carta programa – panfleto; carta aberta – jornal etc.), possui traços estáveis em sua composição, constituindo uma estrutura definida por sua função.

Segundo Silva (1988:76), a estrutura fixa da carta é composta por três partes: a seção de contato, o núcleo da carta e a seção de despedida. Esses elementos, básicos, organizam a seqüência e contribuem para a unidade interna do texto. Nestas partes, encontramos marcas estruturais como lugar, tempo, destinatário, remetente, saudação, despedida entre outros, que possibilitam, devido à diversidade existente em circulação na sociedade, uma variedade de cartas com nomes classificatórios diferentes, como os exemplos abaixo, em que na carta do leitor, exemplo (4) o autor mostra a sua opinião sobre determinada entrevista lida; e na carta propaganda, exemplo (5) criada na intenção de divulgar o e-mail como o meio mais rápido e simples para comunicação.











Exemplo 4





Sou índio da nação xerente e tenho orgulho disso.

Não acreditei quando vi no mapa das páginas 14 e 15 da revista de

abril (“A saga dos velhos brasileiros”) um time de futebol formado por

índios xerente do Tocantins, onde fica a querida aldeia onde morei e

onde ainda vivem meu irmão e minha irmã.

Aqui vai meu endereço caso algum leitor da revista queira me escrever.

Manoel Moreno Watothery de Carvalho

Caixa Postal 10874

CEP 70300-980

Brasília, DF

(Revista Veja 26 de julho de 2000, p. 94)






Exemplo 5



Prezado Príncipe Charles:



Você não me conhece, meu nome é Luís.

Sabe o que é eu estou indo pra Inglaterra amanhã. É uma excursão,

vou conhecer esses castelos aí...

Só que eu preciso fazer as malas e não sei se em Londres tá fazendo

frio ou calor. Aí eu pensei: por que eu não escrevo um e-mail e

pergunto?

Por isso, seu príncipe, será que o Senhor poderia dar uma olhadinha

pela janela e me dizer como é que tá o tempo?

Atenciosamente,

Luís

(Revista Veja, 03 de novembro de 1999, p.154 – 155)


As cartas, vistas nos exemplos 4 e 5, possuem estruturas diferentes tanto na saudação (o exemplo 4, não a possui), assim como na despedida, em que no exemplo 4 o índio termina o texto com seu endereço na perspectiva de troca de cartas (característica não determinada como traço estável na composição da carta), enquanto que no exemplo 5, Luís termina seu texto com uma forma dita como fixa e característica da seção de despedida do gênero carta. Esta diversidade é um reflexo das variedades de lugar, tempo, contexto, remetente-destinatário em suas relações recíprocas e das finalidades do texto, sejam elas de comunicação pessoal (carta pessoal) ou comunitária (carta institucional).

A carta, por ter uma estrutura institucionalmente aceita, tem um modelo macroestrutural fixo para a sua definição, presente tanto em livros didáticos como em livros de técnicas de redação. Cada um destes, com finalidades distintas, como de apresentar o modelo de preparação específica e detalhada das mais variadas cartas para a práxis cotidiana, enquanto que aqueles mostram ao aluno a estrutura geral, de forma superficial, apenas para o conhecimento do que seja uma carta. Em outras palavras, esses livros estabelecem as mais variadas formas concretas de realização de cartas, e em muitos casos também o conteúdo, que servem de referência “cristalizada” para que sejam aplicados na sociedade, onde encontramos cartas pessoais e institucionais. Estes conteúdos podem ser tanto narrativo quanto argumentativo, expositivo, descritivo e/ou injuntivo. Desta forma, o gênero, mesmo tendo uma forte convenção de sua realização concreta, oferece uma grande margem de variação desde o nível temático até o da planificação, Machado, (1998:104).

Nas cartas, há o entrecruzamento das características gerais do gênero com os valores atribuídos pelo remetente à situação de ação de linguagem específica e única que o produtor do texto vive, surgindo o estilo como efeito da individualidade do escritor. No entanto, as características básicas do gênero não são descartadas, mas adaptadas à forma de escrever do autor, não podendo ser considerada variedade do gênero. Atualmente, este gênero é mais recorrente nas práticas públicas comerciais e políticas, apresentando uma estrutura institucionalmente aceita com modelo fixo para a sua definição: local e data, saudação, destinatário, texto da carta, despedida e remetente, desempenhando o papel de servir como meio usual e prático para a comunicação e documentação nas suas mais variadas relações pessoais e comerciais.

Os livros didáticos do Ensino Fundamental abordam a estrutura de cartas, restringindo-se às pessoais como se essas fossem a única variedade de carta em circulação na sociedade. Segundo estes livros, a carta deve ser escrita da seguinte maneira: local e data; identificação e endereço do destinatário; saudação; conteúdo da carta; despedida e assinatura do remetente, como podemos observar no exemplo a seguir. Os programas existentes nos computadores, também apresentam seus modelos de cartas, com a mesma estrutura definida pelos livros, impossibilitando a liberdade criativa dos autores das cartas na estrutura dessas.


Exemplo 6



Uma carta para Gustavo

O que você achou dos sentimentos do jovem Gustavo, registrados

em seu diário? Escreva uma carta para ele contando suas idéias sobre ser

jovem e sentir-se sozinho, sobre as dificuldades de relacionamento com

outras pessoas, sobre a vontade de comportar-se com mais segurança,

etc.

Não se esqueça de que uma carta deve conter a indicação de um

local e de uma data, uma saudação, uma conversa inicial que estabeleça

o contato entre o remetente o destinatário, o assunto principal, a finalização,

a despedida e a assinatura.

(A palavra é português, 8ª, p.20)

A CARACTERÍSTICA E O GÊNERO BILHETE


O bilhete, assim como a carta, mantém esse elo na comunicação escrita. Sendo mais breve, objetivo e com linguagem simples, auxilia em todos os momentos e são incansavelmente utilizados pelas crianças. No processo de aquisição da linguagem escrita, é este o primeiro gênero a fazer parte do universo infantil. Basta observar o uso que as crianças fazem do bilhete em sala de aula, escrevendo para a “tia” e para os coleguinhas, seja para dizer-lhes coisas boas ou para fazer gracinhas; usam ainda esse gênero em casa, enviando pequenos bilhetes à mãe, aos familiares ou vizinhos. O bilhete no mundo do adulto aparece também em forma de pequenos lembretes do chefe à secretária, da patroa à empregada, do professor aos pais de alunos. É um gênero que permanece, através dos tempos, fazendo parte do cotidiano de cada um.


Vamos ver estes exemplos:


Exemplo (1)



O “bilhete elaborado por Rafa à sua mãe. Supõe-se que a mãe conheça Manu, daí porque não há mais informações sobre quem seja Manu” “A expressão “ah!É marca da oralidade e mostra uma lembrança (na linguagem formal equivale ao “em tempo”), como se algo estivesse sendo esquecido. “A palavra beijo abreviados mostra a informalidade como marca desse gênero de texto, incluindo o apelido Rafa da Rafaela ou Rafael, provavelmente”



Exemplo (2)





Como exemplos de marcas de oralidade encontradas nos Bilhetes, destacamos as seguintes: “nóis vamos aí”, “mostrar a suas obras”, “que você vinha”, “nóis ir”, “nóis conhecer você”, “poderia vim”, “se não poder (puder)”, “se o senhor poder vim nós ficaremos munto feliz”, “nós conhecer”, “ah e também”. Em se tratando da pontuação no gênero bilhete, e compreendendo-a não como um elemento estável, mas dependente, entre outras coisas, da característica do gênero, seria necessário encontrar, minimamente, o uso da vírgula, principalmente após vocativo (e no decorrer do texto, caso fosse necessário o seu emprego), assim como do ponto final para encerrar o assunto (no caso, o convite ao Dirceu Rosa). No entanto, a maioria dos textos não apresentou esses (ou nenhum) sinais de pontuação.




Muitos estudos sobre o desenvolvimento da capacidade que a criança tem para redigir focalizam o tipo de discurso usado por esses pequenos escritores. Os objetivos comunicacionais aspirados por eles e o grau de maturidade sintática nas construções usadas nos textos, KATO (2002, p.193). Pode-se observar isto nos textos a serem analisados, pois vê se que as crianças quando escrevem, buscam abrir os caminhos da comunicação e, para isso, utilizam um tipo de discurso que aparece num determinado gênero textual, dependendo da maturidade já alcançada na aprendizagem da escrita. Como afirma Schnewly e Dolz (2004, p.17), “os gêneros são muitos e circulam em esferas sociais específicas – cotidianas, burocráticas, de imprensa, dos negócios, literárias e artísticas etc.”, portanto, possuem 1257 diferenças e semelhanças na forma como são produzidos. E isso é percebido muito cedo pelas crianças.



CONSIDERAÇÕES FINAIS


Conforme do que foi visto, podemos dizer que os gêneros textuais são de muita importância para a competência comunicativa; de leitura, comunicação entre locutores e empíricas no que abrange a lingüística. O gênero carta não foge a esta concepção, pois compre exatamente o papel comunicativo inerentes a qualquer indivíduo.

Em que como foi analisado, percebemos que as cartas ora separa por classes sociais, com a linguagem que é utilizada para o nível social em que vai se dirigir essa carta, como por exemplo, as cartas do presente e castas familiares, pois apresentam recursos lingüísticos diferentes é o que acontece como os tipos de saudações, em que as que são redigidas para o presente trazem saudações de maneira formal e em contra ponto a isso as cartas familiares as saudações são empregadas de maneiras informais, que dar lugar a uma afetividade. Ora essas cartas aproximam-se pelo fato de exercer uma função internacional entre pessoas.

Contudo essa interação comunicativa faz com que as pessoas de classes sócias diferentes, aproximem-se por fazem uso desse gênero que esta presente em ambos os níveis sociais. Já o bilhete apesar de partilhar da mesma função comunicativa da carta difere-se na estrutura, em que na carta evidencias três partes definidas como Silva (1998, p.74) definiu: a seção de contato, o núcleo da carta e a seção de despedida e geralmente a carta esperam se por uma resposta. E em contra partida o bilhete traz informações mais concitas, clara e objetiva que são analisadas como recados, no qual não se espera respostas.




REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS


BAKHTIN, M. (2003[1979]). Estética da Criação Verbal. Tradução do russo Paulo Bezerra.

4 ed. São Paulo: Martins Fontes.


CASSIRER, Enest. Ensaio sobre o homem: introdução a uma filosofia da cultura humana. São Paulo: Martins Fontes, 1997


HIGOUNET, Charles. História Concisa da Escrita. São Paulo: Parábola, 2003


MASCUSCHI, L. A. e XAVIER, A. C. (2004). Gêneros textuais emergentes no contexto da tecnologia digital. In: MASCUSCHI, L. A. e XAVIER, A. C. (orgs.) Hipertexto e_ Gêneros_Digitais. Rio de Janeiro: Lucerna.


SILVA, Veras L. Paredes P. Variação Tipológica no gênero textual carta. São Paulo: Forense.




SCHENEWLY, B.; DOLZ, J. (2004). Gêneros Orais e Escritos na Escola. Campinas, SP:

Mercado de Letras.





TRAVAGLIA,Luiz Carlos.Gramática e Interação:Uma Proposta de ensino de Gramática.12°ed.São Paulo.




KATO, M. A.;SCAVAZZA, B. (2002). A produção de estruturas coordenadas reduzidas por

crianças na linguagem oral e escrita. In: KATO, M. A. A Concepção de Escrita pela criança.

3 ed. Campinas – SP: Pontes.

1 Esse tema foi proposto com a intenção de mostrar a análise dos gêneros textuais das cartas e bilhetes.

2.Alunos do 4° período do curso de letras-língua portuguesa da Universidade Estadual Vale do Acaraú-UVA.


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